A Lãmpada

Introdução:


É a amiga silenciosa de Jesus, é a amiga silenciosa da alma eucarística.
Quando o templo esta deserto, ela esparge em volta de si uma luz humilde e suave, ilumina a portinha do tabernáculo, e parece pedir que a deixam entrar para dizer ao Divino solitário – eu velo contigo.
 – Quando as almas saciadas de oração e d’amor, abandonam o templo para voltarem ao batalhar quotidiano da vida ela as saúda: - ide, almas amigas de Jesus, voltai aos vossos suores e fadigas; eu fico aqui a velar por vós.

Um templo sem lâmpada parece um corpo sem alma.
O olhar do crente gira em volta, e se não encontrar uma luzinha suspensa, sente no coração uma voz fria como a voz de um desengano, que lhe diz – aqui não está Jesus.
– Talvez ali se encontre tesouros d’arte; mas que podem dizer as obras primas da pintura e da escultura se não são animadas pelos raios da lâmpada?
 O génio do homem, entrando no templo, não pode dar vida á tela e ao mármore se não caí sobre eles o tremeluzir daquela luz.
Ó cara lâmpada!
Tu pareces-me o olhar do amor divino que me penetra a alma a perscrutar-lhe os segredos mais íntimos, que me desce ao coração a desperta-lhe os mais ternos afectos: tu calas sempre, mas sempre estas falando no teu silêncio misterioso: quando uma aridez desoladora me torna surda e muda, tu tens força bastante para me despertar por um instante e lançar um pouco de conforto nas amarguras do meu coração.
 Às vezes tudo parece estar morto para mim, o próprio Jesus parece ter desaparecido do olhar da minha fé, tu porem estas sempre aí para assegurar-me e dizer – não temas, a tua fé não está morta, Jesus está sempre aqui.

Oh! Como é bela e comovente a poesia da lâmpada!
 A luz que chove de uma estrela, a luz que se despenha a torrentes do sol, não é tão tocante, não tem inspirações tão suaves como a de uma lâmpada que esta suspensa no pequeno recinto de uma capelinha d’aldeia.
Quantos olhos derramaram lágrimas ao contemplá-la!
Quantos corações se sentiram enternecidos ao pé dela!
Quando a oração parece morrer nos lábios pelo cansaço, ela sabe dizer uma palavra misteriosa: - ora ainda um pouco, que Jesus ainda te está escutando – e a alma continua a orar.
Ela tem sempre conselhos a sugerir, confortos a dar, recriminações a fazer; ela tem uma potência misteriosa, como a de um anjo posto por Deus para tutelar a honra do tabernáculo, para ter despertas as almas, para consolar os corações áridos e tristes.

É o testemunho litúrgico da presença real de Jesus entre os filhos dos homens, bem como da fé dos crentes no mais profundo e mais vasto mistério do amor divino.

Ela é considerada qual símbolo da alma nas suas relações com Jesus Sacramentado; e quantas vezes a alma eucarística não tem intervejado a sua chamazinha, o tremeluzir da sua luz, o silêncio da sua vida, a constância da sua imolação, a honra do seu mister, a sua vizinhança do seu tabernáculo, a humildade de sua aparência, a beleza de todo o seu ser!

Quantas almas não dariam as mais ardentes lágrimas, e até o sangue para alimentá-la!
Quantas ambicionariam ao menos a honra de estar-lhe perto, de fornece-la, de a terem na mão ao menos por uma hora suspensa entre o céu e a terra, qual símbolo e imagem de um coração que, cansado já das criaturas, deseja subir para Deus passando pela Eucaristia. (…)


(Retirado do livro: Centelhas Eucarísticas, 1916; 3ª Serie – 1ºEdição, capitulo VIII, pagina 76 e …
Traduzido do italiano pelo Ver. Dr. António José Gomes, vice-reitor do seminário de S. José de Macau na China)

Nota: Mantive o texto como apresenta no livro com a escrita antiga.
           Continua no post seguinte : As lâmpadas Vivas

Comentários

Flagelos do mundo


Na oração, penitência é a melhor homenagem diante do flagelo do mundo, para aplacar a ira do Senhor. Os inocentes lavam a terra com o seu sangue como outrora Jesus lavou por nós. Deus permite estas coisas para mostrar quanta dor e falta de oração causa sofrimento ao homem; no abandono a Deus.
Alda Pereira

● Mantenho esta vela acesa, pelas almas do purgatorio.