Sequência - mês das almas
(Fecho do mês de Novembro, dedicado ás almas do purgatório)
Ò triste dia em que o mundo
Deverá ser abrasado,
Por David profetizado
Com um juízo profundo!...
Ah! Quanto temor então
Causará a toda a gente
Ver ali um Deus presente,
Julgando a mais leve Ação!...
Nas profundas sepulturas,
Soando um eco fatal,
Ao Divino Tribunal
Chamará as criaturas.
Da morte com susto eterno
Quem ressurgir tem de ver,
Que lá vai a responder
Ao grande Juiz Eterno.
Aberto o livro selado,
Em tudo esta escrito,
Onde o mais leve delito
Do mundo há de ser julgado.
Sobre Seu trono de gloria,
Estará o Juiz presente.
Fazendo a todos patente
De seus crimes a memoria.
Mas a quem meu peito impuro
Buscará em tanto aperto,
Quando apenas por acerto
O justo estará seguro?...
Ó tremenda Majestade,
Qua quando os homens salvais,
Tudo de graça lhes dais,
Salvai-me pois por piedade.
Lembrai-vos Jesus amado,
Que ao mundo por mim vieste;
Não fique quanto me deste,
naquele dia frustrado.
Por me buscardes, Senhor,
Descansaste fatigado,
Por mim na cruz encravado;
Não se perca tanto amor.
Vós que punis os pecados
Com fogo eterno aos prescritos,
Perdoai os meus delitos,
Antes que sejam julgados.
De meus crimes compungido,
Coberto de pejo o semblante,
Perdoai, ó Deus amante,
A quem vos busca rendido.
Vós que á triste pecadora,
Seus pecados perdoas-te,
Vós que a Dimas escutastes,
Também me animaes agora.
E, se por minha maldade
Nada pode o meu clamor,
Livrai-me por vosso amor
Do fogo da eternidade.
Entre os Vossos escolhidos
Minha alma depositai;
Para sempre me apartai
Dos que foram excluídos.
D’estes que já condenados.
E sem remedio, livrai-me;
Ao Vosso Reino chamai-me
Entre os Bem-aventurados.
Humilde pois d’esta sorte
Ante a vossa Majestade,
Vos rogo, Senhor, piedade
No transe da minha morte.
E no dia lastimoso,
Em que toda a criatura,
Desde a fria sepultura
Deve ser ali chamada,
Para ser por Vós julgada,
Vós, Jesus, meu doce bem,
Dai aos vossos bons fieis
O descanso eterno. Ámen.
( Retirado do livro: O Mez das Almas do Purgatório por Francisco Vitali - 1882 )
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